“A muchas hijas nos ha tocado vivir la vida que nuestras madres no pudieron vivir”
O quanto a idade realmente pode nos mudar? Ao ler a obra tive contato com uma Isabel que parecia nunca ter perdido a sua essência. Uma mulher que se viu feminista desde os primórdios de sua infância nos anos 1940 e que segue engajada no movimento até hoje.
Uma mulher que desde cedo se vê presa nas amarras do machismo e que luta constantemente por um mundo melhor não só para si, mas para as próximas gerações de mulheres. Isabel se engajou na luta no auge do feminismo em 1960 e nunca parou. Basicamente, Isabel viveu (e ainda vive) muita coisa.
Ela é uma pessoa (aparentemente) com a vida perfeita, mas Isabel já teve muitas perdas e já tomou decisões precipitadas. Em seu relato, a escritora reconhece suas falhas, mas mostra que elas não definem quem Isabel realmente é e que, além disso, sempre existem novos caminhos para se fazer o que acredita. Essa mulher é uma inspiração e a sua história me arrancou suspiros e lágrimas.
Mesmo nascida 54 anos antes de mim, é impossível não se identificar com cada parte de sua história. Acredito que pode ser triste ainda passar pelo mesmo machismo estrutural que viveu há mais de 70 anos, mas é enriquecedor ver tantos pontos que nos une. Ser mulher é incrível, mas ser mulher latino-americana é ainda mais bonito.
Eu diria que o livro de 180 páginas é um poço de luta e inspiração para todas as pessoas. É um livro de enorme sensibilidade e que faz o leitor se sentir em uma conversa íntima com Isabel. Me senti próxima e amei saber mais sobre a sua relação com os personagens que criou e com os espíritos que ela ainda conversa.
Recomendo esse exercício de inspiração para todos, mas indico que leia “Filha da Fortuna” antes (já escrevi sobre essa obra). É uma experiência única para os “leitores fiéis” de Isabel Allende, assim como ela mesma nos chama.