Career and Family, de Claudia Goldin

Direito na Literatura, Resenhas

Há livros que não apenas informam… eles nos acompanham! Career and Family é um desses. Escrito por Claudia Goldin, vencedora do Nobel, este é um livro essencial para qualquer mulher com diploma universitário.

Goldin traça o percurso das mulheres ao longo dos últimos 100 anos, da entrada tímida nas universidades até o avanço no mercado de trabalho. A leitura revela, com dados precisos e histórias delicadamente entrelaçadas, como a igualdade formal de oportunidades ainda esbarra em desigualdades silenciosas. A principal delas? O tempo.

Vivemos em uma era em que tempo é, literalmente, dinheiro. E ainda somos ensinadas (mesmo que de forma sutil) que cabe a nós moldar o nosso tempo em função dos outros (filhos e familiares).

Flexibilizá-lo, dobrá-lo, sacrificá-lo. Isso tem um preço. A diferença salarial entre homens e mulheres persiste. Não porque somos menos capazes ou menos ambiciosas, mas porque o mundo ainda espera que sejamos as cuidadoras. E quando cuidamos do mundo, quem cuida da nossa trajetória profissional?

O livro não aponta dedos. Ele não condena escolhas, nem romantiza dificuldades. Ele apenas nos oferece uma lente limpa para ver o que está acontecendo. Goldin fala, por exemplo, da indústria farmacêutica como um modelo mais viável para mulheres em setores tão exigentes quanto o jurídico ou o financeiro (algo que, para mim, foi especialmente revelador). Como advogada, fiquei chocada ao ver o Direito entre as áreas com maior desigualdade de salários por tempo de dedicação. Mas também senti um certo alívio ao saber que há outras formas de estruturar o trabalho e que mudanças são possíveis.

Ao longo da leitura, voltei muitas vezes à minha própria trajetória. Gostaria de ter lido este livro há mais tempo, talvez ainda na faculdade. Ele teria me ajudado a entender que nem tudo depende de esforço individual. Que há padrões históricos que se repetem. E que, embora por vezes pareça tarde para recomeçar, estamos sempre a tempo. O tempo, afinal, nunca é só nosso… ele é também um fio que nos liga a outras mulheres, que vieram antes e que seguem conosco, como parte de uma mesma onda.

É um livro sobre trabalho. Mas, no fundo, é um livro sobre escolha. Sobre liberdade. Sobre pertencimento. E sobre o poder de olhar para o passado para entender o presente e desenhar um futuro mais justo.

Recomendo muito essa leitura. E desejo, de verdade, que mais mulheres falem sobre ele. Porque há livros que nos transformam. Mas há também aqueles que, silenciosamente, nos acolhem.

Capitalism, Alone, de Branko Milanović

Resenhas

Capitalism, Alone foi uma das leituras mais interessantes que fiz neste ano (até agora!). Branko Milanović oferece uma análise profunda e original sobre o caminho atual do capitalismo, destacando como ele se manifesta em duas formas distintas: o capitalismo liberal meritocrático, predominante no Ocidente, e o capitalismo político, com a China como principal exemplo.

O livro se afasta bastante da visão clássica do capitalismo que costumamos aprender na escola. Ao invés de tratar o capitalismo como um bloco só, Milanović mostra como ele se adaptou às estruturas políticas e sociais de cada país, criando modelos que convivem, competem e influenciam o mundo de formas diferentes. A parte sobre a China, em especial, me chamou muito a atenção.. em especial ao entender como o capitalismo pode funcionar sob uma estrutura autoritária e altamente planejada.

Outro ponto forte do livro são as referências e dados. Milanović é economista e isso fica claro na riqueza analítica e nas conexões que ele faz. No entanto, justamente por ter um foco tão econômico, senti falta de uma abordagem mais profunda sobre os aspectos comportamentais e sociais que também moldam o sistema capitalista moderno. Não que ele ignore essas questões, mas elas poderiam ser mais exploradas.

Uma das reflexões que mais ficou comigo foi sobre os efeitos colaterais das “boas notícias”. Por exemplo, o livro mostra como a igualdade de gênero, um avanço necessário e inegociável, pode também contribuir para ampliar a desigualdade social. Foi esse ponto que me levou a escolher Career and Family, da Claudia Goldin, como minha próxima leitura.

Além disso, o livro trata de temas delicados como a corrupção, que, em muitos contextos, acaba funcionando como um “lubrificante” dentro de certos sistemas.

Recomendo fortemente Capitalism, Alone. É uma leitura que nos ajuda a entender melhor o sistema no qual estamos inseridos.. com suas complexidades, contradições e dilemas. Um livro que informa e convida à reflexão. Para mim, certamente um dos melhores do ano.

Noise: A Flaw in Human Judgment, de Daniel Kahneman, Olivier Sibony e Cass Sunstein

Resenhas

Noise é um daqueles livros que abrem a mente para um problema que está por toda parte, mas que raramente conseguimos identificar: o ruído nas decisões. Se “viés” (bias) já é um conceito bastante conhecido, especialmente em áreas como saúde e direito, Noise mostra que existe outro inimigo silencioso: a variabilidade indesejada nos julgamentos.

Um exemplo clássico que o livro aborda, e que também aparece em Ressurreição de Tolstói, é o dos juízes que mudam o rigor das sentenças dependendo da hora do dia (mais severos antes do almoço, mais brandos depois). Mas o que mais me surpreendeu foi saber que até mesmo exames de imagem sofrem com esse tipo de ruído. Isso é especialmente inquietante: imagine dois médicos analisando o mesmo raio-X e chegando a conclusões diferentes não por falta de competência, mas por fatores aleatórios como o humor do dia ou o ambiente.

Eu trabalho com análise de riscos jurídicos no setor de tecnologia, e esse livro me fez refletir muito sobre a consistência das decisões no meu dia a dia. Ele não apenas aponta os problemas, mas também traz ferramentas práticas, como auditorias de ruído, que ajudam a identificar e reduzir essas variações indesejadas. Achei especialmente útil o fato de os autores indicarem quais capítulos você deve ler conforme seu objetivo com a leitura.

A leitura, confesso, pode ser técnica e um pouco densa em certos trechos. Mas vale a pena. É o tipo de livro que pode impactar positivamente qualquer profissão que envolva julgamento humano.

Se você já se perguntou por que decisões aparentemente similares geram resultados tão diferentes, ou se quer tornar seu processo decisório mais justo e eficaz, Noise é uma leitura essencial.

Book Review: Marie Antoinette, Stefan Zweig

Resenhas

Há livros que nos transportam para mundos imaginários. Este, porém, nos leva a uma realidade que existiu (luxuosa, deslumbrante, profundamente desigual) e cujos ecos ainda reverberam no presente. Maria Antonieta, de Stefan Zweig, é um desses livros mágicos. Mágico não porque evoca o passado, mas porque tem o poder de nos fazer “visitar” uma época, sentir as festas e ouvir os sussurros nos corredores de Versalhes.

O autor se apoia em uma pesquisa minuciosa, especialmente nas cartas trocadas por Maria Antonieta e nas impressões que ela causava na corte. Mais do que relatar fatos, Zweig convida o leitor a um exercício de empatia histórica… Entramos no universo de uma mulher que, aos olhos da sociedade, era símbolo de tudo que havia de errado – mas que, ao olhar de perto, revela-se apenas uma jovem despreparada, mundana, desinteressada por política, jogada no centro de uma tempestade que não compreendia.

Zweig não pede desculpas por ela, mas também não a condena. Ele revela uma personagem feminina profundamente trágica: alguém que não escolheu ser símbolo, mas que foi tragada por um destino grandioso demais para os seus próprios feitos. Ao contrário de figuras como Napoleão, que desejaram a imortalidade histórica e aceitaram o preço de suas escolhas, Maria Antonieta teve um fim grandioso imposto a ela. E isso, por si só, já é uma tragédia.

Seus erros foram reais. Sua desconexão com o povo é inegável (e ela sabia muito bem da fome em Paris nas suas idas à Ópera). Mas o livro não é um panfleto político. Não tenta normalizar as desigualdades (essas, infelizmente, continuam escandalosamente atuais), mas sim abrir um espaço para contemplar a complexidade humana dessa figura histórica. No fim, talvez o mais revolucionário não tenha sido Maria Antonieta como símbolo, mas o nosso esforço de compreender a mulher por trás do mito.

Madame Bovary, de Gustave Flaubert

Resenhas

Depois de um hiato considerável, achei importante retomar as resenhas e dividir com vocês algumas das leituras mais marcantes desse tempo.

Esse clássico de Gustave Flaubert é, sem dúvida, uma obra incrível. Representa com profundidade uma fase inicial que muitas mulheres experienciam ao se descobrir romanticamente: aquela mistura de expectativa, idealização e desejo por uma vida mais intensa, mais bela, mais significativa. Emma Bovary nos guia por uma viagem que, infelizmente, se parece demais com a realidade de muitas mulheres ao redor do mundo. Uma busca por amor e liberdade que, em vez de conduzir à plenitude, revela as limitações impostas pela sociedade — e pelo próprio imaginário do amor romântico.

Madame Bovary trata de um tema universal: a frustração feminina diante de um mundo que promete felicidade no amor, mas entrega opressão e decepção. No entanto, como tantos outros clássicos, é uma obra escrita sob uma perspectiva masculina. E isso se sente. A profundidade emocional da personagem, por mais bem construída que seja, parece filtrada por um olhar externo. Aqui, confesso, senti falta da escrita de uma mulher — alguém que pudesse narrar não apenas os gestos, mas o íntimo, os silêncios e as contradições de Emma com mais generosidade.

Durante a leitura, me lembrei de algo que li sobre Karl Marx, que ao analisar estatísticas de suicídio, refletia sobre o fato de que tantas mulheres escolhiam esse fim — algo que ele relacionava diretamente às condições sociais e existenciais que lhes eram impostas. Isso não é um spoiler da obra (e honestamente nem lembro se essa temática é tratada diretamente no livro), mas quis deixar registrado aqui. Porque Madame Bovary é também um retrato de solidão, de ilusões destruídas, e do peso que é colocado sobre os ombros femininos quando lhes vendem o amor como uma promessa  quando na verdade, é só mais uma relação humana, com todas as suas falhas, jogos de poder e ilusões.

É um livro que prende do começo ao fim. O ritmo, a escrita e a construção das cenas são envolventes e te puxam para dentro da vida de Emma, mesmo que o destino dela seja, muitas vezes, cruel.

Book Review: Duna, de Frank Herbert

Resenhas

Ler Duna foi uma experiência realmente marcante, daquelas que ficam com você por um bom tempo depois da última página. Foi ainda mais especial porque li com meu pai, e isso reacendeu nele o gosto pela leitura. Ele não só mergulhou no universo de Duna, como já está finalizando a trilogia!

O livro nos transporta para Arrakis, um planeta desértico onde água é mais preciosa que ouro e onde se encontra a especiaria mais valiosa do universo: o melange. Mas Duna vai muito além de um cenário exótico ou de uma aventura interplanetária. É uma obra profundamente política, filosófica e até espiritual.

Frank Herbert constrói uma narrativa densa e visionária que fala de ecologia, religião, manipulação ideológica, colonialismo e poder. É impressionante perceber como esse livro, publicado nos anos 1960, lançou as bases para grande parte do sci-fi que viria depois. Tudo que conhecemos hoje no gênero parece ter, de alguma forma, um traço de Duna.

Ao longo da leitura, consegui visualizar muitos elementos que foram levados ao cinema, mas o livro vai muito além do que o filme mostra. O imaginário de Herbert é vasto, e sua construção de mundo é rica em detalhes. A trajetória de Paul Atreides até se tornar o lendário Muad’Dib é feita com muita sutileza e profundidade.

Foi uma leitura realmente incrível. Um livro vanguardista, cheio de camadas e com um universo tão bem amarrado que, mesmo sendo ficção, parece absolutamente real.

Comecei o segundo volume da série, O Messias de Duna, mas confesso que não teve o mesmo impacto. Senti que boa parte da construção do personagem se perdeu.

Ainda assim, só o primeiro já vale por uma saga inteira. Uma leitura que recomendo e que, no meu caso, ainda veio com o bônus de ser compartilhada com meu pai, o que a tornou ainda mais especial.

Book Review: “Mulheres de minha alma” de Isabel Allende

Resenhas

“A muchas hijas nos ha tocado vivir la vida que nuestras madres no pudieron vivir”

O quanto a idade realmente pode nos mudar? Ao ler a obra tive contato com uma Isabel que parecia nunca ter perdido a sua essência. Uma mulher que se viu feminista desde os primórdios de sua infância nos anos 1940 e que segue engajada no movimento até hoje.

Uma mulher que desde cedo se vê presa nas amarras do machismo e que luta constantemente por um mundo melhor não só para si, mas para as próximas gerações de mulheres. Isabel se engajou na luta no auge do feminismo em 1960 e nunca parou. Basicamente, Isabel viveu (e ainda vive) muita coisa.

Ela é uma pessoa (aparentemente) com a vida perfeita, mas Isabel já teve muitas perdas e já tomou decisões precipitadas. Em seu relato, a escritora reconhece suas falhas, mas mostra que elas não definem quem Isabel realmente é e que, além disso, sempre existem novos caminhos para se fazer o que acredita. Essa mulher é uma inspiração e a sua história me arrancou suspiros e lágrimas.

Mesmo nascida 54 anos antes de mim, é impossível não se identificar com cada parte de sua história. Acredito que pode ser triste ainda passar pelo mesmo machismo estrutural que viveu há mais de 70 anos, mas é enriquecedor ver tantos pontos que nos une. Ser mulher é incrível, mas ser mulher latino-americana é ainda mais bonito.

Eu diria que o livro de 180 páginas é um poço de luta e inspiração para todas as pessoas. É um livro de enorme sensibilidade e que faz o leitor se sentir em uma conversa íntima com Isabel. Me senti próxima e amei saber mais sobre a sua relação com os personagens que criou e com os espíritos que ela ainda conversa.

Recomendo esse exercício de inspiração para todos, mas indico que leia “Filha da Fortuna” antes (já escrevi sobre essa obra). É uma experiência única para os “leitores fiéis” de Isabel Allende, assim como ela mesma nos chama.

Book Review: “Middlemarch” de George Eliot

Resenhas

“People are almost always better than their neighbors think they are.”

“Middlemarch, A Study of Provincial Life” é uma obra da autora britânica Mary Anne Evans, que escreveu como George Eliot. O livro apareceu pela primeira vez, no formato de oito volumes, de 1871 a 1872. A obra é situada em Middlemarch, uma cidade fictícia inglesa de Midland, de 1829 a 1832, e retrata a realidade dos moradores daquele local (casamentos, projetos, mudanças sociais e políticas, etc.).

Agora viajar e conhecer a cidade de Middlemarch:

Meu primeiro conselho para essa viagem é se preparar para imprevistos. Middlemarch é um local em que não se deve criar expectativas, pois seu planos possivelmente darão errado. Assim como o nosso ilustre narrador disse “we mortals, men and women, devour many a disappointment between breakfast and dinner-time”. Essa sensação de “dar tudo errado” permite com que os personagens se desenvolvam brilhantemente e desafia o leitor. Isso não é fácil, mas estamos em boas mãos com Eliot, que faz esse desafio ser uma experiência enriquecedora.

Parte desse mérito se dá pelo fato dos personagens serem humanos: ninguém é 100% bom e nem 100% mau. As heroínas e os heróis falham em algum momento, ainda que depois tudo ocorra bem (ou não rs). Penso que a sensação de decepção ocorre por conta da grande ambição de alguns moradores de Middlemarch. É aquilo: melhor criar unicórnios do que expectativas, não é mesmo? rs

Queria escrever sobre alguns personagens centrais, como Dorothea Brooke, Tertius Lydgate, Caleb Garth e Nicholas Bulstrode. Mas acho que é mais interessante falar da obra como uma mentalidade coletiva, pois a cidade não se restringe apenas aos personagens e, muitas vezes, impactam diretamente os objetivos deles.

O clima de Middlemarch é de mudança e pressão social. A origem das famílias conta muito para a reputação na sociedade. Então, se a sua origem não é conhecida, não recomendo a viagem para lá.

Além disso, Middlemarch se passa durante um período tumultuado na história inglesa, quando mudanças políticas, científicas e a própria industrialização causaram um grande impacto no país. Os moradores de Middlemarch se opõem inflexivelmente à reforma política e científica, tanto pelo medo da mudança quanto pelo apego a modos de vida antigos e disfuncionais. Essa oposição intensifica a impressão de que eles são uma comunidade retrógrada, desconfiada de mudança e progresso – mesmo que isso possa beneficiá-los.

Senti que Middlemarch foi uma ancorada. Um livro que coloca os nossos pés no chão e faz a gente sentir que nem sempre a vida é linda e que nem sempre tudo é aquilo que sonhamos. Foi um livro divertido e, ao mesmo tempo, melancólico.

Se quiser ver a minha análise sobre Direito e Middlemarch (Livro V), assista o vídeo:

Book Review: “Klara e o Sol” de Kazuo Ishiguro

Resenhas

“People saying how you’ve become too clever. There’re afraid because they can’t follow what’s going on inside any more. They can see what you do. They accept that your decisions, your recommendations, are sound and dependable, almost always correct. But they don’t like not knowing how you arrive at them. That’s where it comes from, this backlash, this prejudice.”
Klara and the Sun (Kazuo Ishiguro – p. 328).

A observação com uma atenção direcionada faz parte da maneira em que aprendemos as coisas no dia-a-dia. E, na medida em que imprimimos os nossos valores em nossas criações, os robôs humanoides também teriam essa capacidade. Isso é o que acontece com Klara, grande protagonista da obra “Klara e o Sol” de Ishiguro.

Essa obra, para mim, representa o quanto colocamos o melhor de nós em nossas criações. Klara é uma robô criada para diminuir a solidão de crianças abastadas em um futuro distópico. Há uma clara separação social e biológica entre as pessoas, mas isso deixarei em “aberto” para vocês ir descobrindo no decorrer da leitura (mas fica a dica!).

A Klara é a combinação do que há de melhor no ser humano. Ela tem um amor, carinho e atenção que só os mais nobres poderiam demonstrar. E, por isso, ela é também diferente dos outros robôs. Ela pensa que observa muito bem os humanos, mas eu discordo. Acredito que ela observa os humanos dentro de um ideal e, com base nele, interpreta o que acontece. Caso ela puramente observasse os humanos e aprendessem com eles, talvez ela se tornasse um robô da Microsoft ou um pouco mais como os outros robôs de sua loja.

Mas ver o mundo pelos olhos da Klara é uma experiência muito boa, porque permite com que a gente faça uma autorreflexão. O livro é de altíssima sensibilidade e tem altos e baixos nos acontecimentos na vida de seus personagens. Ishiguro consegue mudar o clímax do livro de “meigo” (por assim dizer rs) para assustador de maneira brilhante. A escrita é linda e muito bem trabalhada.

Não tenho o costume de ler livros sobre robôs ou futuros distópicos, mas esse foi muito bom e me fez querer conhecer muitos outros. Recomendo esse livros para todes!

Amizade Literária: “O conde de Monte Cristo” de Alexandre Dumas

Resenhas

Uma amizade que começa em meio ao desespero e na solidão. Quando os olhos se acostumam com o escuro e até mesmo a sua própria voz assusta… Foi nesse contexto que surge o meu personagem predileto da obra “O Conde de Monte Cristo”.

O abade Faria foi um personagem que instigou a minha criatividade e que ainda me faz sentir emocionada ao lembrar de sua trajetória no livro. Toda vez que ele aparecia (ou era mencionado), as lágrimas de emoção e admiração surgiam nos meus olhos… precisei ler 2x (pelo menos) toda vez que ele apareceu no livro.

Ele é uma figura que levarei comigo para a vida. Ele é um gênio e sinto como se fosse alguém que eu tivesse conhecido no trabalho ou na roda de amigos. Sinto um carinho muito grande por ele e me encanta saber que ele foi baseado em uma pessoa real: o nome do moço era Abade Torri.

Me peguei imaginando várias possibilidades para ele dentro do universo do livro, então a sensação de “e se…?” foi a minha companheira nessa leitura. Acho inevitável não imagina-lo em diversas situações… até porque ele foi decisivo no livro. 

Assim como no livro, para mim, ele é a luz que aparece no escuro da solidão e da tristeza. “Luz” tanto no sentido iluminista, pois é a razão que nos coloca no chão, quanto de conforto em um ambiente escuro e hostil.

Queria muito me estender e falar sobre cada ponto que admiro nele… mas vou apenas recomendar que leiam a obra-prima que é “O conde de Monte Cristo” e espero que se encantem com o personagem assim como eu ❤️