Book Review: “Crime e castigo” de Fiódor Dostoiévski

Direito na Literatura

“Crime e Castigo” de Fiódor Dostoiévski é um livro especial. Ele enxerga humanidade em situações que poucas pessoas conseguem enxergar, como no cárcere e na situação de extrema pobreza.

É um exercício de empatia e é uma obra de tamanha sensibilidade que mal consigo exprimir um pouco do que senti durante a leitura. Esse livro é um convite para todo o tipo de gente ler e até mesmo se conhecer como pessoa. Eu me considero muito empática, mas esse livro consegue surpreender a qualquer um.

Dostoiévski conseguiu captar em sua obra a vida miserável da população pobre de São Petersburgo e criar um clássico da literatura universal.

Esse clássico nos conta um pouco sobre Raskólnikov, um jovem estudante de Direito, que vive em situação de extrema miséria. Em um momento de desespero, ele comete um crime brutal e acaba por sofrer as consequências de seus atos.

Assim como em Macbeth, uma das maneiras que ele sofre as consequências é pela sua própria consciência. De uma forma extremamente humana, Dostoiévski faz a gente ver o negacionismo de Raskólnikov e até mesmo questionamentos válidos sobre a estrutura da sociedade.

Surgem os seguintes questionamentos: Qual a diferença na responsabilidade daqueles que matam outros em guerra comparando com um assassino comum? Qual o sentido em prender pessoas por 30 anos em uma cadeia? Como cobrar sanidade das pessoas que vivem no extremo?

O que me chamou atenção foi o rótulo de criminoso. Raskólnikov lida com esse conflito de “ser ou não ser”, pois não é algo que existe, mas sim uma imposição social por uma conduta desviante. E conseguimos sentir isso “na pele” do Raskólnikov.

Ele é uma pessoa complexa como todas nós. Acredito que, acima de tudo, Raskólnikov é extremamente bom. Ele salva crianças de incêndios e vê bondade em todos independente de preconceitos. Isso que torna o exercício de empatia e sensibilidade ainda mais profundo e especial.

Que livro incrível! Tenho muito mais para falar sobre ele… mas vou me segurar aqui e ainda publicarei um vídeo explorando mais o crime e o castigo da obra. Muito obrigada por ler até aqui e espero que você tenha tido vontade de conhecer essa obra-prima da literatura universal.

Reflexões Feministas sobre “Crime e Castigo” de Fiódor Dostoiévski

Direito na Literatura

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Queria começar esse texto falando do quanto eu estou apaixonada por “Crime e Castigo” de Fiódor Dostoiévski. É um livro profundo e com uma história que vale muito a pena ser contada. Ela cria um exercício de empatia que todos devemos ter.

Ao ler a primeira parte da obra, não pude evitar de ter um olhar feminista e com maior atenção à situação das mulheres naquele meio. Talvez eu esteja sensibilizada após a leitura de “Anna Karênina” de Tolstói? Sim, mas é impressionante como a vida das mulheres pobres está em contraste com a aristocracia russa. A desigualdade social na Rússia Czarista é gritante e incomoda (assim como a brasileira).

Quero começar falando um pouco da “carteira de identidade amarela”. Esse termo aparece pela primeira vez na obra na página 21 (da edição da Editora 34) e se refere ao documento de identidade, em papel amarelo, utilizado pelas prostitutas na Rússia antes de 1917. O que mais dói é ler a seguinte passagem:

“Quando minha única filha saiu pela primeira vez para tirar a carteira de identidade amarela, eu fui também… (porque a minha filha vive da identidade amarela)…”

Essa frase é dita por Marmieládov, um amigo de Raskólnikov, que furta o dinheiro da própria filha Sônia (que não teve oportunidade de emprego a não ser prostituta) para gastar com o seu vício em bebidas alcóolicas. Neste primeiro momento, conseguimos notar que uma das alternativas mais “viáveis” para uma mulher pobre durante a Rússia Czarista era a prostituição.

Outro ponto interessante é a vulnerabilidade que a população pobre tinha com relação à doenças, em especial, as mulheres devido ao papel de “cuidado” imposto à elas dentro da comunidade. Um exemplo é Catierina Ivánovna, esposa de Marmieládov e que tosse sangue frequentemente.

Falando em Catierina Ivánovna… essa é uma personagem importante nessa anáilse. Ela foi educada em um ambiente aristocrático, mas fugiu da casa dos pais para casar com o seu primeiro marido (um oficial da infantaria), mas que acabou sendo processado e morreu. Neste período sem o marido, entrou na miséria e conheceu Marmieládov, que a fez voltar a ser “dona de casa”.

“Saiba que a minha esposa foi educada em um internato aristocrático, destinado às moças nobres da província, e na festa de formatura dançou de xale para o governador e outras personalidades, e foi recompensada com uma medalha de ouro e um diploma de honra ao mérito. A medalha… bem, a medalha nós vendemos… há muito tempo…hum… o diploma de honra ao mérito ela guarda até hoje no fundo no baú”

Página 23
O próximo exemplo que quero trazer aqui é o de Dúnia, irmã de Raskólnikov. Ela foi governanta na casa do casal Svidrigáilov, pois ela precisava não apenas se sustentar, como dar apoio para a sua mãe também. Nisso, ela entra em uma emboscada, que acredito que deva ser comum da época: ela recebeu um adiantamento de cem rublos para serem descontados do salário a cada mês, segurando-a no trabalho para saldar dívida. Casos parecidos são noticiados todos os dias no Brasil,sendo que o país já foi condenado internacionalmente por não ter agido perante tais práticas

O que é mais triste ainda é ver que ela era vítima de brincadeira de mau gosto pelo Sr. Svidrigáilov (acredito que seja assédio, pois a mãe de Raskólnikov não quis dar detalhes para não enfurecer o filho), que depois resolve fazer uma proposta para fugir com ela. A Sra. Svidrigáilov descobriu tudo e julgou Dúnia como culpada, chegando até a bater na menina.

Mas depois Dúnia conhece um rapaz chamado Lújin que resolve casar com ela. Pela narrativa e pelo entendimento de Raskólnikov, vemos que Dúnia foi praticamente vendida para Lújin, o que enfurece Raskólnikov e compara a situação de sua irmã à prostituição de Sônia. Vemos aí mais um cenário em que Dúnia teve como alternativa (para a sua própria sobrevivência) ser vendida para um rapaz de classe superior.

Perto do fim da parte 1 da obra, encontramos a situação de uma menina, ainda criança, que foi vítima de uma trapaça e é vista perambulando bêbada pela rua. Raskólnikov avista um senhor prestes a abusar da garota (se aproveitando do momento de vulnerabilidade em que ela se encontrava) e decide chamar a polícia para afastar o criminoso.

“Pobre menina!… – disse ele, olhando para o canto vazio do banco. – Vai voltar a si, chorar, depois a mãe ficará sabendo de tudo… Primeiro irá espancá-la, depois açoitá-la, para doer e envergonhar, pode ser até que a expulse de casa”

Página 58

Por fim, quero dar ênfase para a velha viúva. Ela era casada com um funcionário do governo e, possivelmente, não tinha como se sustentar após a morte do marido e resolveu trabalhar com o penhor na criminalidade.

Nós podemos observar que as mulheres sempre estiveram na margem da sociedade, tanto na aristocracia quanto na pobreza. Sem os maridos e sem desempenhar um papel relacionado à “casa” e “cuidados”, elas se encontram sem opção de prosperar, muitas vezes recorrendo ao crime.

O livro não trata apenas do crime e do castigo de Raskólnikov, mas sim de toda a sociedade russa.

Book Review: “O Jogador” de Fiódor Dostoiévski

Resenhas

“Era a hora de ir embora, mas uma sensação estranha nasceu dentro de mim, uma vontade de desafiar o destino, um desejo de lhe dar um cascudo, de mostrar a língua para ele”

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. O Jogador – Tradução de Rubens Figueiredo. Companhia das Letras. São Paulo, 2017. P. 37

Assim como Thomas Mann, achei esse romance maravilhoso! A obra foi lançada em 1867 e nos conta um pouco sobre uma viagem feita por Alexei Ivánovitch, um jovem professor sem grandes objetivos de vida e perdidamente apaixonado por Polina.

“O jogador” trata de um assunto que Dostoiévski conhecia bem, que era o jogo em cassino. Isso é até possível notar por conta dos ricos detalhes que aparecem na obra de como funcionam as casas de jogos e o comportamento dos próprios jogadores. Dostoiévski jogou, pela primeira vez, em Wiesbaden no ano de 1862. O jogo se tornou a paixão do escritor até 1871. Durante esse período, ele jogou em Baden-Baden, Homburg e Saxon-les-Bains frequentemente. Rumores de que ganhava pouco e perdia muito.

Outro ponto interessante, e abordado por Rubens Figueiredo na edição da Companhia das Letras – Penguin, é que a obra foi escrita às pressas para que o escritor pudesse saldar as suas dívidas.

Agora voltando para o livro: a narrativa se dá em primeira pessoa, no ponto de vista de Alexei Ivánovitch, que é professor e trabalha para uma família russa que viaja para um hotel alemão. O patriarca dessa família (chamado de General) está endividado com um francês chamado de Grieux e a sua grande esperança é a herança que será deixada na morte de sua avó rica (conhecida como “Vovó”).

Alexei Ivánovitch é perdidamente apaixonado pela sobrinha do patriarca (Polina) e aceita a proposta de jogar por ela no cassino. Assim, ela lhe entregava o dinheiro e ele apostava para ela. Polina não conta para ele o motivo de precisar tanto dinheiro, mas insiste para que ele jogue. Ela trata ele super mal e com bastante diferença. Ela é uma personagem bem malvada e ri bastante da cara do Alexei.

Alexei fica no escuro sem saber o que acontece até que o Mr. Astley, um senhor inglês tímido, conta o que se passa com a família russa. Mr. Astley parece estar apaixonado por Polina também e ser um nobre inglês.

Mas a histórica fica mesmo emocionante quando Alexei promete lealdade extrema à Polina e isso resulta em consequências irreversíveis. Outro ponto que amei é a Vovó, uma personagem icônica e mega divertida!

Eu gostei muito desse livro e ele é super envolvente (do começo ao fim!). Acho que é uma ótima opção, junto com “Gente pobre”, para começar a ler Dostoiévski.

Book Review: “Noites brancas” de Fiódor Dostoiévski

Resenhas

“O sonhador, caso seja necessária uma definição minuciosa para ele, não é uma pessoa, mas sim, sabe, uma espécie de criatura do gênero neutro. Na maior parte do tempo fica em algum canto inacessível, como se quisesse esconder-se até da luz do dia, e, caso se meta no seu reduto, adere a seu canto da mesma forma que um caracol ou, pelo menos, nesse aspecto, o sonhador se parece muito com aquele animal engraçado, que é animal e casa ao mesmo tempo e que chamam de tartaruga”.

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Noites Brancas – Tradução de Rubens Figueiredo. Penguin-Companhia das Letras. São Paulo, 2018.

A obra é a última novela escrita por Dostoiévski antes da sua sentença à pena de morte, que foi afrouxada e se tornou uma reclusão em prisão na Sibéria. O escritor foi condenado por conspiração contra o Tsar. Esse ponto é importante para analisar a obra, pois ela faz parte da primeira fase do escritor, em que há maior sensibilidade no componente romântico.

As “noites brancas” são um fenômeno natural e ocorrem durante verão russo e faz com que escureça muito tarde e por pouco tempo (só fica “de noite” das 22hrs até 1h da manhã). As noites brancas permitem com que a gente sinta um pouco esse clímax entre sonho e realidade que o personagem principal vive.

A novela nos conta sobre um rapaz sonhador, sem nome, que conhece uma mulher, chamada Nástienka, em uma ponte em São Petersburgo durante o fenômeno natural das noites brancas. Antes mesmo do sonhador conhecer Nástienka, a narrativa nos mostra um pouco da relação que ele possui com a sua cidade.

Ele, por ser um rapaz solitário, sonha e fantasia sobre todos os aspectos e detalhes da cidade, como suas casas e a população. Rubens Figueiredo nos indica que essa percepção do personagem ocorre como uma crítica à drástica modernização do promovida pelo regime tsarista, que fez com que o próprio personagem se sentisse abandonado e com um vazio existencial.

Quando o sonhador conhece Nástienka, ele compartilha um pouco sobre si para ela falando sobre seus sonhos. Já a menina conta um pouco de sua vida e de um amor que a deixou e prometeu retornar. Ela e o sonhador fazem uma amizade, na qual apenas Nástienka não nutria sentimentos de amor. Essa incorrespondência deixa o sonhador bastante abalado, o que só piora quando o amado de Nástienka retorna à cidade.

Eu, como uma boa sagitariana com Netuno na Casa 1, me identifiquei bastante com o sonhador. Isso não é uma coisa necessariamente boa, porque eu fiquei com um pouco do vazio existencial dele e a sensação de perda de tempo. Doeu? sim, mas tornou a leitura dessa obra (que muita gente não gosta) até que especial para mim.

Não considerei “Noites brancas” como uma obra-prima do escritor, mas também não é um livro ao todo ruim. Se lesse a obra e não soubesse quem a escreveu, dificilmente acertaria que é uma obra de Dostoiévski. Acho que existem outros livros mais interessantes do escritor.

Book Review: “Gente Pobre” de Fiódor Dostoiévski

Resenhas

“E depois a gente rica não gosta de ouvir os pobres se queixando de sua má sorte – dizem que incomodam, que são impertinentes! A pobreza é sempre impertinente mesmo – talvez porque seus gemidos famintos lhes perturbem o sono!”

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Gente Pobre – Tradução de Fátima Bianchi. Editora 34. São Paulo, 2020. Página 138.

Queria começar a resenha dizendo que esse é um livro que te faz repensar todos os seus privilégios e que faz com que você sinta a dor e a pobreza dos personagens. Sem contar também a conexão super interessante que Dostoiévski faz com outras obras russas.

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“Gente Pobre” foi o livro de estreia de Dostoiévski e já chega com uma proposta bastante diferente do que havia na época. Ele, sempre firme em suas convicções, colocou pessoas pobres como foco do enredo, permitindo que a gente sinta a injustiça social na fala simples de seus personagens principais (Makar Diévuchkin e Varvara Dobrosiólova).

A narrativa é feita no formato de cartas trocadas entre os dois personagens nomeados acima. Ambos são pobres e estão à beira da miséria total (não ter o que comer e onde dormir). Varvara é uma moça jovem e órfã, que possui Makar, um senhor de 50 anos, como único parente mais próximo. O primeiro objetivo nessa troca de cartas é melhorar a escrita de Makar, que estava precária e precisava treinar.

Estão descritas nessas cartas as necessidades e um pouco da rotina dos personagens. Makar dava o pouco de dinheiro que conseguia para Varvara, por meio de presentes simples (como balas), com o objetivo de diminuir o sofrimento da menina que vive na pobreza. Mas ele acabava sem ter roupas para ir trabalhar e vivia sendo chacota de seus colegas de trabalho.

Uma parte que me afetou muito foi a descrição das chacotas que Makar vivia, e que muito pareciam as sofridas pelo protagonista de “O Capote” de Gógol até pelo fato de ambos os personagens serem copiadores de uma repartição pública:
"Para que serve isso? Será que por isso algum leitor vai me comprar um capote? (...) Às vezes você se esconde, se esconde, oculta-se naquilo que não domina, tem medopor vezes de mostrar o nariz seja onde for, porque teme os mexericos, porque, de tudo o que há no mundo, de tudo que lhe armam uma pasquinada, e eis que toda a sua vida civil e familiar anda pela literatura, tudo impresso, lido, ridicularizado, bisbilhotado! (...) pode-se reconhecer um dos nossos só pelo andar" (p. 95).

Outras descrições que me chamam atenção são do local onde vivem, das mortes por doenças e como as crianças reagem frente à pobreza, como, por exemplo, em “Como não gosto Várienka, minha filha, quando vejo uma criança pensativa; é uma coisa desagradável de ver! No chão, ao lado dela, tem uma boneca de pano – mas ela não está brincando” (p. 72).

Makar chega a procurar um agiota para conseguir dinheiro e pagar sua dívidas e alimento. Mas, outra cena que me marcou muito foi quando ele estava prestes a levar um esporro de seu superior, mas o botão de sua camisa sai. O superior começa a notar as roupas de Makar e, em um ato de nobreza, oferece uma boa quantia de dinheiro para ajudar o pobre homem. Makar diz que nunca se sentiu tão especial e digno durante toda a sua vida:

"juro-lhe que os cem rublos não me são tão caros quanto o fato de Sua Excelência em pessoa ter se dignado a apertar-me a mão indigna, a mim, um pulha, um bêbado! (...) Com esse gesto, ressuscitou o meu espírito, tornou minha vida mais doce para sempre" (p.147).

Já Várienka, apesar de toda a dificuldade, tenta se mostrar positiva (“lembre-se que a pobreza não é defeito. Então por que se desesperar: isso tudo é passageiro! Se Deus quiser” p. 125). Mas, como o destino é cruel, a sua única saída é partir para um casamento infeliz com um senhor de classe social superior.

Book Review: “O Duelo” de A. P. Tcherkhov

Resenhas

“Sou um homem fútil, medíocre, degradado! O ar que respiro, esse vinho, o amor, em uma palavra, a vida, eu a comprei até agora com mentiras, ócio e covardia. Até agora fiquei enganando os outros e a mim mesmo, sofria com isso e os meus sofrimentos eram baratos e vulgares. Eu me curvo timidamente diante do ódio de Von Koren porque de tempos em tempos eu mesmo me odeio e me desprezo”.

TCHEKHOV, A. P. O Duelo – Tradução de Marina Tenório. Editora 34. São Paulo, 2018.

Fiquei bastante curiosa para ler “O Duelo” de A. P. Tcherkhov, pelo fato dos duelos aparecerem tanto nas obras russas. No posfácio dessa edição da Editora 34 explica que os duelos não são uma tradição medieval como é observado na Europa, mas que foi introduzido pelos nobres russos muito tardiamente (historicamente).

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A obra nos conta um pouco sobre Laiévski, um homem supérfluo e que acredito ser uma espécie de Vronski de Anna Karênina. Laiévski é um homem supérfluo (caso você tenha interesse em saber mais sobre esse “personagem” da literatura, sugiro que leia o post sobre “Diário de um Homem Supérfluo” de Ivan Turguêniev) que vive com Nadiéjda Fiódorovna, uma mulher casada de classe social inferior.

Eu identifiquei muito de Anna Karênina em Nadiéjda Fiódorovna, em especial pelo sofrimento e exclusão que ela passa. Sem contar também o descaso que Laiévski possui frente a ela (assim como Vronski teve com Anna) e a viagem para um local mais quente (como Anna e Vronski fizeram para a Itália). Outra figura (muito parecida com a Dolly de Anna Karênina) é a Mária Konstantínovna, a única amiga de Nadiéjda Fiódorovna, e que possui uma grande dualidade, no sentido de gostar muito da amiga, mas também ter vários preconceitos em face dela.

O duelo ocorre quando Laiévski se desentende com Von Koren, um cientista que quer mudar radicalmente a sociedade russa – o que entra em conflito com a qualidade de “homem supérfluo” de Laiévski. Um ponto interessante é como os personagens refletem o quanto é arcaico o duelo, mas, ao mesmo tempo, não desistem por “uma questão de honra”.

Recomendo a leitura desse livro para quem já está familiarizado com a literatura russa. Acho que essa obra é mais enriquecedora após leituras anteriores.