“Caminhos da Esquerda” de Ruy Fausto

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Esse livro é uma análise incrível dos caminhos que a esquerda brasileira tomou no Brasil e, um pouco, no mundo. O livro é resultado de um artigo publicado pelo autor na revista Piauí.

Ruy Fausto tem um senso crítico super apurado e consegue analisar de maneira sensata (ao meu ver) os erros que os partidos de esquerda brasileiros cometeram nos últimos anos, além de nos oferecer um panorama geral histórico por atrás de cada um desses erros.

A proposta do livro é apresentar novas alternativas e criar uma esquerda mais autêntica no país. Ele busca por um projeto democrático, anticapitalista, antipopulista e com consciência ecológica. Acredito que todos esses pontos são muito bem elaborados do livro.

Uma coisa que me chamou a atenção foi que, independentemente da nossa posição política, acabamos sendo bastante antidemocráticos muitas vezes. E ele mostra eventos que permitem com que a gente faça até mesmo uma autocrítica das nossas próprias condutas políticas. Por exemplo, até onde protestos em faculdade deixam de ser democráticos?

No fim do livro, Ruy Fausto incluiu respostas aos críticos de seu artigo (que virou o livro) e acho sensacional. O livro é uma porta aberta ao diálogo e a esperança por uma esquerda mais fortalecida em tempos de intolerância e fragilização.

Book Review: “Torto arado” de Itamar Vieira Júnior

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“Os donos já não podiam ter mais escravos, por causa da lei, mas precisavam deles. Então, foi assim que passaram a chamar os escravos de trabalhadores e moradores”.

VIEIRA JUNIOR. Itamar (1979-). Torto arado: Itamar Vieira Junior. São Paulo: Todavia, 1ª ed., 2019. 264 páginas.

“Torto Arado” de Itamar Vieira Júnior é uma obra muito interessante que nos mostra um pouco da realidade de duas irmãs em Água Negra, uma região da Chapada Diamantina no interior da Bahia. Nessa leitura, vemos as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores rurais (em situação de servidão) e o início de uma luta por melhoria das condições de vida no campo

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Eu me lembrei muito do filme “cabra marcado para morrer” dirigido por Eduardo Coutinho. O filme foi eleito como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Acho que vale assistir!

A população de Água Negra trabalhava em situação de servidão. Não recebiam salários e tinham o direito de habitar no local em casas de barro (era proibido alvenaria). A grande maioria da população era descendente de escravos, pois estes não tinham para onde ir e não receberam nenhuma ação afirmativa ao serem libertos.

O foco do livro é a vida das duas irmãs Bibiana e Belonisia. Elas são filhas de Zeca Chapéu Grande, um dos trabalhadores de Água Negra e líder religioso do local. As meninas formam uma união única após brincarem com o facão de sua avó e se tornam quase que uma única pessoa no começo do livro.

A obra é dividida em três partes: “fio de corte”, “torto arado” e “rio de sangue”. A primeira parte é narrada por Bibiana, a segunda por Belonísia e a terceira por uma entidade do jarê (religião dos moradores de Água Negra).

Acredito que as grandes mensagens da obra, além de evidenciar a falta de direitos dos trabalhadores rurais, são ancestralidade e empoderamento. A ancestralidade surge em todos os momentos da obra, quando eles praticam a sua religião de matriz africana e até mesmo na relação que possuem com os seus antepassados e a terra.

Já o empoderamento ocorre quando a população se revolta com a precariedade que vivem. Outro ponto em que ele ocorre é na vida de Bibiana (quando resolve seguir seus sonhos e ajudar os pais) e Belonísia (quando fica sem a irmã e se vê em situações de violência).

É um livro bastante forte, mas que não deixa de ser lindo e de trazer reflexões importantíssimas! Eu recomendo para todos que buscam uma obra brasileira, de alta qualidade e que se passa no nordeste brasileiro.

Book Review: “A vida não é justa” de Andréa Pacha

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“A vida não é justa” é um livro escrito por Andréa Pacha, juíza que atua na Vara de Família, e que nos conta um pouco de histórias incríveis relacionadas aos casos que apareceram no decorrer de seus 15 anos de carreira.

Andréa separou histórias únicas para dividir conosco nessa leitura, como reconhecimento de paternidade (em uma perspectiva inusitada), casais idosos que se divorciam, casais novos se separando e até mesmo casamentos. Caso queira comprar o livro: https://amzn.to/2DOJ8dy

Essas histórias são curiosas, porque são datadas da transição de uma sociedade que vivia em uma ditadura militar para uma democracia com a Constituição de 1988. Logo, existem muitas questões conservadoras que ganharam um novo olhar após essa nova Constituição. Separei dois exemplos para dividir com vocês aqui.

O primeiro exemplo é a separação litigiosa com declaração da culpa da mulher: “Alguns anos antes, quem fosse considerada culpada perderia a guarda dos filhos, não receberia pensão e deixaria de usar o sobrenome do marido”. Outro seria uma tática que era usada no reconhecimento de paternidade: “Para se defenderem, nas ações de investigação de paternidade, alguns homens levavam amigos para depor e todos afirmavam que se relacionaram sexualmente com a mãe da criança. Na impossibilidade de se determinar naquelas condições quem era o pai, o pedido era rejeitado”.

Outro ponto interessante é a rapidez para sentenciar um divórcio, que é também, em partes, um reflexo da nossa sociedade líquida, como dizia Bauman. Muitas vezes, tal rapidez não está de acordo com os próprios sentimentos humanos após o divórcio, pois alguns casais, após estarem divorciados, demoram para “cair a ficha” de que tudo mudou após anos e anos de relacionamento.

"Se, por um lado, isso significou celeridade e desburocratização, por outro, no dia a dia, o que se percebe é que a rapidez e a superficialidade com que as pessoas se unem e se separam indicam o quanto a contemporaneidade tem impedido a criação de vínculos consistentes e o comprometimento afetivo, inclusive para a experiência de luto daquele que ainda ama e precisa do tempo para digerir o fim do amor".

Andréa também nos mostra alguns casos curiosos envolvendo pessoas que entravam com uma ação judicial de temas que deveriam ser resolvidos pelo próprio casal, como quem seria o responsável por levar o filho à escola.

Fiquei bastante triste com dois contos: o “Mas eu amo aquele homem…” e “Gabriel do Alemão”. O primeiro conta um pouco sobre uma vítima de violência doméstica que não conseguia sair desse ciclo de violência. Andréa aproveita para nos contar um pouco sobre como era a aplicação da lei antes da Lei Maria da Penha (o que ainda, infelizmente, ocorre em muitas delegacias!):

"Ainda não havia a Lei Maria da Penha. Algumas mulheres eram humilhadas quando recebiam o julgamento dos seus processos, que terminavam com a condenação dos agressores ao pagamento de cestas básicas. Outras, ainda nas delegacias, eram desencorajadas a fazer registro da ocorrência".

Já o caso “Gabriel do Alemão” nos conta um pouco sobre um rapaz chamado Gabriel, que foi abandonado pela mãe e não tinha documentação. Ele foi encontrado na rua e levado para um abrigo pelo Serviço Social, onde foi registrado apenas com o nome. Diferentemente da maioria das pessoas nessa situação de vulnerabilidade, Gabriel tinha um emprego formal e uma casa para morar, mas tinha um déficit de cidadania, pois não tinha uma data de nascimento escrita no documento.

Eu nunca pensei que existiria essa possibilidade de alguém sequer ter uma data de nascimento. Muito triste pensar nos efeitos da nossa desigualdade social e como isso afeta as populações mais vulneráveis em várias frentes.

Por fim, esse livro abre a nossa mente para as diversas situações que um juiz acaba encontrando durante a sua carreira. É uma experiência incrível abrir a mente com essas histórias contadas de maneira leve e emocionante pela Andréa. Recomendo muito essa leitura!

Book Review: “A Máquina do Ódio” de Patrícia Campos Mello

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“Cobri o conflito na Líbia em Sirte, no front contra o Estado Islâmico. Fiz coberturas da guerra na Síria, no Iraque e no Afeganistão. Nunca tive guarda-costas. Estava em São Paulo, e precisava de segurança”

CAMPOS MELLO, Patrícia. A máquina do ódio. Editora Schwarcz. São Paulo, 2020.

Para quem não conhece, a Patrícia Campos Mello é uma jornalista brasileira colunista da Folha de S. Paulo e recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais, em especial por seu trabalho como jornalista correspondente em áreas de conflito como Síria e Serra Leoa.

Patrícia explora alguns pontos muito interessantes em “A máquina do ódio” como o linchamento que sofreu pelo Presidente da República e seus familiares, o impacto das mídias sociais nas eleições presidenciais, as novas formas de censura aos jornalistas, a ascensão de populistas no mundo e como o Presidente se utiliza de técnicas do Viktor Orbán, líder da Hungria. O livro termina com uma reflexão muito boa para o jornalismo: “será que uma pandemia pode salvar o jornalismo?”

Caso queira comprar o livro: A máquina do ódio: Notas de uma repórter sobre fake news e violência digital

Primeiramente, é interessante pensarmos que, de acordo com dados levantados no livro, 60% dos brasileiros usam o WhatsApp e muitos se informam pelo aplicativo. Tendo isso em vista, a nova versão de totalitarismo, a fim de alienar a população e criar uma ilusão de apoio ao líder totalitário, enche as redes sociais com a versão dos fatos que se quer emplacar. Tal técnica é muito forte, pois é (muitas vezes) o primeiro contato que o cidadão terá com a notícia e essa primeira impressão é muito difícil de ser desfeita.

Achei interessante o termo “tecnopopulista” para os líderes populistas que se utilizam das redes sociais de maneira abusiva, isto é, por meio do astroturfing. É igualmente curioso o fato das pessoas confiarem mais nas teorias conspiratórias do que em especialistas.

A jornalista também conta detalhes do caso dos disparos em massa de desinformação (vulgo “fake news” e que é uma atitude proibida pelo Tribunal Superior Eleitoral desde 2019). Ela informa que existem empresas que vendem o cadastro com milhões de números de celular atrelados a CPFs, títulos de eleitor e o perfil social e econômico das pessoas (a maioria deles eram idosos). Nesse ponto, é extremamente necessário pensarmos como devemos cuidar de um dos nossos bens mais preciosos: nossos dados.

Ao denunciar o esquema descrito acima, Patrícia sofreu diversos ataques por fanáticos do Presidente. Ela evidencia o machismo que existe, pois ninguém criticaria um jornalista homem da mesma maneira que ela foi criticada e julgada. Um homem a difamou em uma CPMI por ele ter levado um belo pé na bunda (mulheres, quem mais já viu uma cena parecida?).

Nesse ponto, ela trata do linchamento virtual, que faz com que muitos jornalistas se silenciem com medo das violentas represálias.

Outro assunto é como o governo brasileiro é um governo da “pós-verdade”, que valoriza versões em detrimento de fatos. Essa parte me lembrou muito do livro “O povo contra a democracia” do Yascha Mounk, pois o lider populista antiliberal precisa ser a fonte da verdade absoluta para o seu povo. O jornalismo e a mídia tradicional atrapalha esse objetivo ao questionar as ações do líder populista. Assim como Maduro, o Presidente brasileiro toma decisões contra os jornalistas e mantém uma postura violenta frente à eles.

Por fim, ressalto que o jornalismo, assim como a advocacia, é uma profissão de países democráticos. O direito à informação é basilar do Estado Democrático de Direito e precisamos defendê-lo com unhas e dentes. Precisamos criar um senso crítico das ações feitas pelos líderes populistas para não cairmos em uma cilada como esse novo formato de totalitarismo.

Book Review: “A Hora da Estrela” de Clarice Lispector

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“Quero aceitar minha liberdade sem pensar o que muitos acham: que existir é coisa de doido, caso de loucura. Porque parece. Existir não é lógico”.

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Editora Rocco. Rio de Janeiro, 1977.

Quero começar a resenha com a própria descrição de Clarice sobre a obra: “a estória de uma moça, tão pobre que só comia cachorro quente. Mas a estória não é isso, é sobre uma inocência pisada, de uma miséria anônima”.

A obra é narrada pelo escritor Rodrigo S. M. que resolve escrever sobre uma mulher nordestina chamada Macabéa. Ele escreve a história de Macabéa ao mesmo tempo que nos conta, uma característica bastante peculiar de Clarice Lispector. Rodrigo despreza a protagonista de sua história e se utiliza da ironia em diversos momentos. Ele sabe de tudo e está em todos os momento da vida de Macabéa, bem como cria o destino da mulher, que muitas vezes acabamos duvidando da sua existência. Caso queira comprar o livro: A Hora da Estrela

Já Macabéa é uma mulher alagoana que vai morar no Rio de Janeiro em busca de uma vida melhor. Todavia, ela encontra diversas dificuldades e um mundo que não foi feito para ela, fazendo com que ela não se conheça, mas apenas sobreviva na cidade.

Macabéa trabalhava como datilógrafa, mas escrevia mal. A sua única distração e fonte de informações é o seu rádio-relógio, que fala de curiosidades do mundo da história e da ciência.

A vida da personagem fica emocionante quando ela começa a namorar Olímpico de Jesus, um rapaz ambicioso e que não vê grandes perspectivas no namoro com Macabéa. Assim que Olímpico conhece Glória (única amiga de Macabéa), ele resolve ficar com ela, pois vê uma chance de ascensão social.

Em um certo ponto da narrativa, Macabéa começa a sentir dores e vai ao médico. Nessa consulta ao médico, ela descobre que está com tuberculose, mas não conta para ninguém. Glória percebe que a amiga está bastante triste e indica uma cartomante.

Macabéa vai até a cartomante (chamada de Madame Carlota) e é informada de que irá ser feliz ao conhecer um estrangeiro (um rapaz loiro chamado Hans) e se casar com ele. Mal esperava Macabéa que encontraria esse estrangeiro logo ao sair da cartomante, mas que não se casaria com ele: ela acaba sendo atropelada por uma Mercedes amarela (dirigida pelo estrangeiro) e morre.

O título “A hora da estrela” simboliza a morte de Macabéa, uma mulher que sente a vida apenas no momento de sua morte.

É um livro com uma narrativa brilhante e que levanta diversas questões filosóficas e sociais. Vale a leitura dessa obra-prima da literatura brasileira.

5 Livros de Terror para Crianças

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Esse post é dedicado para os amantes de livros de terror e suspense que querem mostrar um pouco desse amor para alguma criança especial, seja ela filho, irmão, sobrinho, afilhado, amigo etc., ou até para a criança gótica que vive em nós haha.

Todos os títulos abaixo estão com um link especial para a compra de cada um dos livros no site da Amazon.

1. A Vida Não Me Assusta – Maya Angelou

Eu indico esse livro para todas as idades. É um livro incrível com poemas da Maya Angelou e ilustrado por pinturas e desenhos de Jean-Michel Basquiat. As ilustrações são brilhantes e conversam de maneira única com os poemas.

Os poemas tratam de diversas situações que exigem coragem, que vão desde enfrentar leões e dragões até bullying na escola. Não importa o que ocorra, nada irá assustar. O livro nos mostra que precisamos ser corajosos em diversas situações na vida e te faz refletir bastante nesse sentido. Na minha opinião, a mensagem do livro é sempre perseverar, não importa o que cruzar o seu caminho.

2. O Monstro Dentro Do Armario – Carla Chaubet

Quem nunca ficou com medo de uma fresta aberta do armário escuro no quarto? Esse livro contra a história de uma menina que enfrenta esse medo e acaba fazendo uma nova amizade.

3. O Fantástico Alfabeto Lovecraft: Lovecraft para todos

Esse livro é definitivamente um dos meus prediletos. “O Fantástico Alfabeto Lovecraft”, escrito por Jason Ciaramella, foi o primeiro livro infantil da editora DarkSide Books. Ele é incrível e tem como proposta mostrar o alfabeto com base nos personagens dos contos do autor H. P. Lovecraft (que até parecem fofos nas ilustrações de Greg Murphy).

O formato do livro é bastante interessante, pois ele é capa dura e tem as pontas arredondadas.

4. Coraline

Coraline de Neil Gaiman é um clássico e acredito que a maioria de nós já tenha ouvido falar desse livro. Esse livro ganhou os prêmios Hugo e Nebula Award e o Bram Stoker Award. Eu sempre tive (e até hoje tenho) muito medo dessa história, mas acho que vale a leitura para crianças acima de 7 anos.

A história conta sobre um outro mundo, encontrado por Coraline em uma porta da sua casa nova, que seria uma cópia do seu apartamento. Nesse novo mundo ela encontra a Outra Mãe e o Outro Pai, que são uma réplica do seus pais, entretanto, com peças de botão no lugar dos seus respectivos olhos. Esses “outros pais” causam problemas e Coraline precisa salvar os seus pais verdadeiros.

5. Historias de Terror Para Criancas Estranhas

Esse livro é de Rebeca Puig com ilustrações de Rebeca Prado. Eu sempre amei livros de contos e esse me representou muito. Esse livro é para todas as crianças “estranhas”. Mas afinal, o que seria uma criança estranha? Ela é aquela que já torceu para o vilão e sempre tentou enxergar as histórias de maneira diferente daquela imposta para nós.

Indicações para o Dia Nacional dos Livros Infantis

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Eu sempre fui apaixonada por livros infantis e penso que cada vez mais precisamos aumentar a qualidade dos livros para as crianças, até mesmo com respeito à complexidade que as crianças possuem na sua percepção da realidade.

Fugindo um pouco de estereótipos de livros infantis, pedi a indicação da minha amiga @annaagostini94 no Instagram (super engajada nesse tema) para algumas ideias de livros infantis de boa qualidade!

  1. Pedro e Lua – Odilon Moraes

Este livro conta a história de um menino chamado Pedro, fascinado por pedras e pela Lua. Até que em um belo dia, Pedro tropeça em uma tartaruga e vira amigo dela, pois fica impressionado com a similaridade entre as pedras com a casco da tartaruga. Assim, ele a batiza de “Lua” e nasce uma grande amizade entre os dois.

2. Lá e Aqui – Carolina Moreira e Odilon Moraes

O livro fala sobre a separação dos pais, sob o olhar de uma criança. O tema é tratado de maneira muito delicada e mostra como essa experiência pode ser bastante positiva, mas sem deixar de lado o sofrimento inicial do momento da separação.

3. Aperte Aqui – Hervé Tullet

Este livro traz uma alusão ao universo eletrônico dos tablets e, por isso, é super interativo. O livro tem uma pegada de brincadeira, que começa com o convite para que aperte uma bola e vire a página. Assim que a bola é pressionada, como num passe de mágica, surgem mais bolas na página seguinte, conforme a página anterior foi pressionada.

4. Amoras – Emicida

Nesse planeta, Deus tem tanto nome diferente que, para facilitar, decidiu morar no brilho dos olhos da gente”

Este é um livro que eu li e achei muito bom. É bastante poético e trata da representatividade de meninas negras, enfatizando como o negro é lindo. Além de abordar esse tema muito bonito, ainda fala sobre várias religiões de maneira linda e com respeito às diferenças.

5. O Coração e a Garrafa – Oliver Jeffers

Este livro conta sobre a perda de uma pessoa próxima, nesse caso, a história de uma menina que perde o avô e, cheia de imaginação, decidiu guardar seu coração em uma garrafa. Todavia, chega um determinado momento em que esse coração precisa ser resgatado e é um livro sensível com lindas ilustrações.

6. Milhões de Gatos – Gág Wanda e Nathalia Matsumoto

Este livro premiadíssimo, lançado em 1928, conta a história de um herói que sai em busca do gato mais belo, sendo que este gato poderá trazer felicidade para o seu lar. Essa história traz diversas reflexões muito boas como a definição de beleza e se, de fato, ela traz felicidade.

7. Nós: uma Antologia de Literatura Indígena – Maurício Negro

Eu gosto muito desse livro e até fiz um post sobre ele no Instagram (@thereadingdog). É um livro que conta diversas histórias infantis de diferentes grupos indígenas do Brasil, como os Krenak, Guarani Mbyá, Taurepang e Maraguá. Os povos indígenas existem e resistem há muitos séculos e possuem um enorme conhecimento desprezado pela nossa sociedade eurocêntrica. Nesse sentido, acho que esse livro nos oferece uma perspectiva única de conexão com a natureza.

Meus contos prediletos são “Hariporia, A Origem do Açaí” e “Guaruguá, o Peixe-Boi dos Maraguá”.

8. O Menino Perfeito – Bernat Cormand

Este livro é de temática LGBTQ++ e conta a história de Daniel, um garoto perfeito que atende às expectativas de tudo e todos durante o dia. Entretanto, durante a noite, Daniel revela um grande segredo.

Book Review: The Two Deaths of Quincas Wateryell – Jorge Amado

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The Two Deaths of Quincas Wateryell by Jorge Amado is one of my favorites Brazilian books. This one in the photo is very special for me, because it belongs to my mother, who read it when she was at school.

It tells the story of what happens after the death of Quincas, a man that left this middle-class life and family to become a popular bum living in the slums of Salvador, Bahia. In the beginning of the story, Quincas’ street companions and his old family competes for his memory.

However, after Quincas’s friends are alone with his body, they supposedly hear Quincas talk and share a drink with him, moving the body out of the coffin and taking him out for a night on the town. During that night, Quincas’ friends decided to visit his girlfriend and Quincas himself, dead, gets involved in a fight.

When they finally arrived at a friend’s boat, a loud thunder appears and Quincas yells his last words, throwing himself into the sea and leaving this world in the way he always wanted (his second death).