Noise: A Flaw in Human Judgment, de Daniel Kahneman, Olivier Sibony e Cass Sunstein

Resenhas

Noise é um daqueles livros que abrem a mente para um problema que está por toda parte, mas que raramente conseguimos identificar: o ruído nas decisões. Se “viés” (bias) já é um conceito bastante conhecido, especialmente em áreas como saúde e direito, Noise mostra que existe outro inimigo silencioso: a variabilidade indesejada nos julgamentos.

Um exemplo clássico que o livro aborda, e que também aparece em Ressurreição de Tolstói, é o dos juízes que mudam o rigor das sentenças dependendo da hora do dia (mais severos antes do almoço, mais brandos depois). Mas o que mais me surpreendeu foi saber que até mesmo exames de imagem sofrem com esse tipo de ruído. Isso é especialmente inquietante: imagine dois médicos analisando o mesmo raio-X e chegando a conclusões diferentes não por falta de competência, mas por fatores aleatórios como o humor do dia ou o ambiente.

Eu trabalho com análise de riscos jurídicos no setor de tecnologia, e esse livro me fez refletir muito sobre a consistência das decisões no meu dia a dia. Ele não apenas aponta os problemas, mas também traz ferramentas práticas, como auditorias de ruído, que ajudam a identificar e reduzir essas variações indesejadas. Achei especialmente útil o fato de os autores indicarem quais capítulos você deve ler conforme seu objetivo com a leitura.

A leitura, confesso, pode ser técnica e um pouco densa em certos trechos. Mas vale a pena. É o tipo de livro que pode impactar positivamente qualquer profissão que envolva julgamento humano.

Se você já se perguntou por que decisões aparentemente similares geram resultados tão diferentes, ou se quer tornar seu processo decisório mais justo e eficaz, Noise é uma leitura essencial.

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