Book Review: “As vozes de Tchernóbil” de Svetlana Aleksiévitch

Resenhas

“Eu tenho medo. Tenho medo de uma coisa: de que o medo ocupe na nossa vida o lugar do amor”

ALEKSIÉVITCH, Svetlana. As vozes de Tchernóbil – Tradução de Sonia Branco. Companhia das Letras. São Paulo, 2015.

Eu sempre me interessei bastante em livros no formato de relatos. Todo mundo me indicava começar com os livros da Svetlana Aleksiévitch e, dentre todos os publicados, me interessei mais por “Vozes de Tchernóbil” (até mesmo por ter assistido a série da HBO que, por sinal, foi muito bem recebida pela crítica).

Caso queira comprar o livro, utilize o nosso link: https://amzn.to/3a5VzNY

A escrita do livro é incrível e eu me senti como se estivesse ao lado da escritora entrevistando os sobreviventes. Ela descreve a ordem dos fatos narrados e ainda as sensações/reações dos entrevistados com maestria. Dá para sentir a dor dos acontecimentos, mas também como as pessoas se sentiam com a conjuntura política da época.

Muitos dos entrevistados possuem um histórico de guerra e foram preparados para isso. Depois de anos de traumas da guerra e acreditando que a natureza (sempre aliada) nunca os faria mal, fez com que o crime de Tchernóbil não fosse tão facilmente compreendido por eles. Sequer os especialistas estavam preparados, pois eles tinham sido educados para outro tipo de situação, na medida em que ninguém sequer imaginaria um desastre nessas proporções.

Outro ponto interessante dos entrevistados é como eles ainda se identificam com a União Soviética. É muito simplista pensar que eles não “acompanharam a mudança” e ser esse o único motivo para tal identificação. Precisamos entender que essas pessoas foram educadas a acreditar, durante a vida toda, que eram comunistas soviéticos. Não é uma ideia fácil de ser desconstruída e achei esse ponto um dos mais interessantes do livro.

Gostei bastante também da abordagem que a escritora teve na questão ambiental, que fica evidente na entrevista de pessoas engajadas na causa e até mesmo a percepção de idosos que habitam por lá. A parte da morte dos animais domésticos me deixou muito triste, em especial, a morte dos cães. Sim, eu fiquei triste por ser o meu animal predileto, mas também por eles terem ficado em frente das casas esperando o retorno de seus donos.

Eu, Anna, acredito que devemos pensar e falar mais sobre Tchernóbil. Mas não da maneira que falamos nos últimos tempos, até mesmo limitando a existência das pessoas de “pessoa de Tchernóbil” e com vises inconscientes discriminatórios (como muitos relataram no livro). Vamos pensar no modelo de sociedade que queremos para o futuro: seria esse modelo compatível com geração de energia nuclear? Como diminuir o nosso impacto ambiental e corrigir excessos? Fica os questionamentos!

Por fim, só gostaria de lembrar que o livro faz descrições tristes sobre deformidades e mortes de pessoas guerreiras que enfrentaram o inimigo invisível, também conhecido como radioatividade. Então, caso queira ler, lembre deste ponto.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.