Book Review: “A Casa na rua Mango” de Sandra Cisneros

Resenhas

“Amigos e vizinhos dirão: O que aconteceu com aquela Esperanza? Para onde ela foi com todos aqueles livros e papéis? Por que ela marchou para tão longe? Eles não saberão que fui embora para voltar. Pelos que eu deixei para trás. Pelos que não podem sair”

CISNEROS, Sandra. A casa na rua Mango / Sandra Cisneros; tradução de Natalia Borges Polesso. – Porto Alegre: Dublinense, 2020. Págna 143

Tenho só uma palavra para esse livro: incrível! “A casa na rua Mango”, obra de Sandra Cisneros, é um livro de altíssima sensibilidade e que nos arranca suspiros e lágrimas no decorrer na leitura.

Eu amei ter lido esse livro como o terceiro do meu clube de leitura. A obra nos conta um pouco da vida de uma garotinha chamada Esperanza, filha de imigrantes mexicanos, que vive em uma casa humilde da rua Mango, na cidade de Chicago, nos EUA.

Esperanza odeia a casa na rua Mango e deseja viver em uma mansão como as que ela assiste na TV. Outro desejo da garota é ser uma mulher independente e diferente das mulheres de sua vizinhança. Mas por que isso? Porque as mulheres de sua vizinhança são humildes, não tiveram muitas oportunidades e estão em casamentos infelizes.

A obra é contada na perspectiva da Esperanza, no momento em que ela ainda é criança e adolescente (dá para sentir que ela cresceu pela própria narrativa). Sandra Cisneros deixou a escrita super acessível (sem se preocupar com pontuações para acompanharmos o fluxo de pensamento de sua personagem) e com contos independentes (que podem ser lidos a qualquer lugar e momento).

Como a própria escritora diz, Esperanza tem muito de Sandra e a vida das duas se conversam. Sandra diz que Esperanza é voz que ela usa quando a sua verdadeira está fraca.

Esperanza tem esse nome especial (e simbólico) na obra por dois motivos: (i) o nome foi inspirado na avó da personagem, que ficava na janela sonhando com uma vida diferente (assim como a própria Esperanza sonha); e (ii) o próprio sentido da palavra, “esperança”, que é o que ela tem (de sobra) para mudar de vida completamente.

Outros pontos importantíssimos da obra são a vida e a identidade de Esperanza como uma menina estadunidense filha de imigrantes, bem como toda a infância na pobreza. A infância de Sandra conversa muito com a nossa (como meninas) e nos identificamos em vários pontos.

Esse livro precisa ser lido a cada 10 anos (pelo menos), pois com certeza você lerá novamente com uma interpretação completamente diferente. Me identifiquei MUITO com o livro e permiti com que ele causasse todos os efeitos possíveis em mim. Eu, como tantas outras mulheres, não só me vi na Esperanza como também tive “esperança” nos meus sonhos (coisa que foi consumida pela rotina de trabalho e vida financeira).

Acho que a grande mensagem desse livro é não se esquecer dos seus sonhos e não perder a esperanças neles (assim como fazemos muitas vezes na vida adulta). Esse ponto também foi importantíssimo por conta da narrativa da criança: Será que a Esperanza ainda sonhava dessa forma quando adulta?

Esse livro me fez lembrar de quem eu realmente sou e o que eu quero para mim. Eu o indico para todas as mulheres sonhadoras por aí!